Como diria Luís de Camões “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Esta foi também a constatação que fizemos ao inquirir os nossos pais e avós sobre os hábitos alimentares na sua infância.
Hoje, a grande maioria das pessoas (e digo “grande maioria” porque, infelizmente, há ainda certos locais do mundo em que tal não acontece) tem a possibilidade de fazer uma alimentação saudável e diversificada.
Massa, arroz, carne, peixe, sopa, pão, legumes, lacticínios...Coisas básicas, é certo, mas que podemos combinar de 1001 maneiras e distribuir de várias formas ao longo do dia e da semana.
No entanto, antes tudo era diferente.
“Tempos difíceis” é o que dizem ter passado os nossos avós. A principal fonte de rendimentos era a agricultura, o poder de compra era baixo e os agregados familiares bem mais extensos do que actualmente. As dificuldades eram muitas, sendo que, nas famílias mais pobres, era por vezes difícil assegurar as refeições.
Comer carne ou peixe era raro, era um “luxo” a que muitos só tinham direito em dias de festa (festas essas, maioritariamente religiosas).
Nessas ocasiões comia-se arroz com chouriças caseiras, coelho frito ou guisado e, mais tarde, passaram também a ser comuns os assados no forno, de carne e batatas.
No Natal comia-se o tradicional bacalhau cozido com couves, e quanto à galinha, era consumida essencialmente pelas mulheres quando davam à luz.
Então e nos dias vulgares? Bem, esses sim eram completamente diferentes dos nossos! Façamos então o “menu” desses tempos:
Pequeno-Almoço:
- Café ou aguardente com pão; (em algumas casas bebia-se como alternativa leite retirado directamente das cabras ou das vacas).
O pão, essencialmente à base de milho, era cozido pelas famílias, semanal ou quinzenalmente.
- Caldo de cebola; feito com batatas, cebolas e unto. O unto era uma película de gordura retirada do porco aquando da matança. Essa película enchia-se de sal, uniam-se as pontas e moldava-se em forma de broa (broa de unto), que era posteriormente colocada na salgadeira para assegurar a sua conservação.
Almoço:
- Couves com feijões; Cozia-se o feijão e a couve com um pedaço de carne de porco e comia-se temperado com pouco azeite. A água da cozedura conservava-se para fazer o caldo para o jantar.
- Sardinha com pão de milho; uma sardinha era, normalmente, repartida por duas pessoas sendo que, quem fazia a divisão não tinha direito a escolher qual a parte que comia.
- Batatas cozidas com cebola; As batatas e as cebolas eram cozidas em água temperada com sal, sendo consumidas, geralmente, sem qualquer outro acompanhamento.
* Nota: As crianças quando íam para a escola levavam um ovo cozido ou uma sardinha com um pedaço de broa de milho.
Jantar:
- Caldo com migas de pão de milho; à água de cozedura guardada do almoço acrescentava-se pão de milho.
- Caldo de farinha; coziam-se as couves cortadas aos pedacinhos com um pouco de unto. Depois de cozidas, acrescentava-se farinha de milho ao preparado e mexia-se até conseguir uma textura homogénea.
Grande diferença, não é?! De facto muita coisa mudou, e para alguns de nós, principalmente para os jovens, custa até a acreditar que estes tenham sido os hábitos alimentares vigentes outrora. Alguns, habituados à variedade e às “modernices” na alimentação, pensarão, por certo, que estes são apenas dados para um óptimo filme de ficção! No entanto, tudo isto é puramente real.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Evolução através dos tempos
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2 comentários:
É muito importante ter essa noçao, pois nos tempos de hoje qualquer coisa que esteje na comida(um cabelo...) nao a comemos e antigamente era muito pior....
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